terça-feira, 13 de janeiro de 2009

XUTOS & PONTAPÉS - "30 anos de vida"



Era impossível deixar passar uma data destas. Passam precisamente hoje, 30 anos sobre a primeira apresentação pública dos "Beijinhos e Parabéns", ou melhor, dos XUTOS & PONTAPÉS. Uma instituição do rock português e que resiste ao longo dos anos.
Falar de anos 80 em Portugal e não falar dos XUTOS é tarefa impossível.
Formados em 1978, mas apenas dados a conhecer ao público, em 13 de Janeiro de 1979, a banda começou por ser um quarteto, onde pontificavam; Zé Leonel, Tim, Zé Pedro e Kalú. Esta é a primeira formação da banda, mas que duraria pouco. Depressa Zé Leonel abandonava o grupo, passando Tim para a vocalização e entrando para a banda o guitarrista Francis. É já com este "line-up", que gravam o primeiro single "Sémen", editado na Rotação, editora da responsabilidade de António Sérgio. Um ano depois publicam o segundo disco, novamente um single, onde o tema principal era "Toca E Foge". É também por esta altura que é editado o primeiro LP, intitulado "78/82", uma vez que incluía as músicas da banda, compostas neste período de tempo. Por esta altura dá-se a saída do guitarrista Francis, que viria a ser substituído pelo ainda hoje membro da banda, o ex-THC, João Cabeleira. Iniciam também a colaboração com Gui, musico convidado, que no futuro se tornaria membro efectivo. É com esta mesma formação que gravam e editam “Remar Remar”, disco editado na Fundação Atlântica. A este segue-se o álbum "Cerco", um ou mini-LP editado na Dansa do Som. É com o carimbo desta editora associada ao Rock rendez-Vous, que surge mais um single da banda; "Barcos Gregos" e “Homem do Leme” compõem o disco, aqui em novas remisturas.
Esta mesma editora publica dois temas ao vivo da banda, num LP que agrupava actuações no Rock Rendez-Vous. Temas estes que se tornam novos hinos, impossíveis de esquecer;
- “Esquadrão da Morte” e "1º de Agosto".
Com a popularidade de banda em crescendo, o assédio das grandes editoras começa. Numa "guerra" protagonizada pela EMI-VC e pela Polygram, a filial da multinacional holandesa acaba por ganhar a parada. Mas houve tempo ainda para gravar um LP ao vivo no Rock Rendez-Vous, para ser publicado antes do 1º disco na multinacional. Mas devido a desentendimento entre o management da banda e a editora Dansa do Som, o disco acabou por ficar na gaveta uma série de anos, pelo que os XUTOS E PONTAPÉS, só regressam aos discos, já com selo da Polygram.

O primeiro resultado dessa nova parceria é "Sai P'ra Rua". Editado em single, antecipava a chegada do álbum "Circo de Feras". Estávamos então em 1987 e daqui em frente, nada voltaria a ser igual, no que a rock se refere, neste pais a sudoeste da Europa. O disco torna-se um sucesso, só comparável com os tempos de "Cavalos de Corrida", "Chiclete", "Chico Fininho", etc... Finalmente o “rock em português” voltava a conquistar o pais e agora seria para sempre. Deste disco, um tema sobressai entre todos os outros. Falo claro está de "Contentores". Sucesso de rádio, em disco, em cassete e até nas discotecas. "Xutos" eram agora a banda de uma geração. O "X" torna-se uma marca, o lenço vermelho um código e a musica da banda, uma união nacional. Mas "Circo de Feras" tinha mais temas que não poderiam ficar esquecidos no disco, pelo que; "N'America", "Não Sou o Único", o próprio “Circo de Feras” e ainda "Vida Malvada" eram tão populares, como os maiores êxitos internacionais que invadiam o país.
Com tamanha popularidade a banda volta às edições, novamente em formato pequeno, recebendo desta vez o título de "7º Single". Mas para todos nós, será sempre conhecido como "Minha Casinha", uma vez que neste single se incluía uma versão de um tema clássico do cinema português, outrora popularizado por Milú. Este "7º Single" saiu em formato single vinil e num novo formato, que recebeu o nome de "cassingle". Uma cassete com o tema principal do lado-A e no lado contrario, os restantes temas do disco.
Sem se dar conta, chegasse a 1988 e este ano é impossível de desassociar dos XUTOS. Primeiro editam um novo álbum, tendo este recebido o título de “88”, onde se incluíam alguns temas depressa se tornariam clássicos;
- “À Minha Maneira”, “Maria”, “Enquanto A Noite Cai”, “Carta Certa” ou ainda “Prisão Em Si”.
Com a edição deste novo longa-duração, uma nova tournée recoloca a banda na estrada.
Dela fazem parte centenas de concertos por todo o país. É num desses concertos, em 20 de Junho de 1988, na cidade da Covilhã, organizado pela Associação de Estudantes da Escola Secundária Frei Heitor Pinto, que tive a oportunidade de conhecer o Zé Pedro e de ter contado com a presença do “Sr. Comendador", na minha festa de aniversário. É verdade, nesse dia completava eu 18 anos de vida e nada melhor que ter um ídolo da altura presente. Melhor prenda era impossível. Para culminar esse ano louco, os XUTOS & PONTAPÉS editam um triplo álbum ao vivo. Um marco! Nunca se tinha editado um álbum triplo neste país. Esse disco imortalizava os concertos do Restelo, onde tinha terminado a "Tour 88".
Para terminar a década, o grupo de Tim, Zé Pedro, Kalú, João Cabeleira e Gui, editam mais uns single com dois temas, “Submissão” e “Se Me Amas”.
A carreira da banda segue com altos e baixos na década seguinte e mantém-se viva e activa em 2009. Com novo tema estreado hoje na rádio e como novo álbum agendado para Março, os XUTOS&PONTAPÉS são um exemplo raro em Portugal, de longevidade e de união.
A eles, muitos “Beijinhos e Parabéns” e que venham mais 30!

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