domingo, 27 de setembro de 2009

Eleições Legislativas


Hoje é dia de eleições.
Uma vez mais a democracia portuguesa chama-nos, a fim de podermos exercer o nosso direito e dever de voto, de forma a eleger-mos um novo governo para o pais.
Mas, e como eram as coisas, neste aspecto, na década de 80?
Por aquela altura, posso dizer que eram ligeiramente diferentes.
Não no recém adquirido, direito de voto, mas sim, na luta verdadeiramente politica, que se trava em todas as campanhas eleitorais.
Ao longo da década, passei de um imberbe miúdo de 10 anos (1980), a um jovem votante, já responsável pelos seus actos.
Pelo que, o que aqui exponho, são apenas as minhas lembranças da altura. Como se compreende, nos primeiros anos da década, interessavam-me muito mais as brincadeiras, que propriamente as coisas politicas. Ainda assim, todos os que como eu, eram putos naquela altura, certamente terão memórias daqueles tempos.
Eram tempos difíceis e a nossa democracia era ainda muito frágil. Mas havia algo que hoje não existe, que é sobretudo, uma crença na melhoria de vida, num futuro mais próspero. Esse sonho, que alimentou muitas das forças, que venciam as dificuldades da época, é hoje totalmente inexistente. O mundo é mais complicado, todos deixamos de ser ingénuos e custa-nos, cada vez mais, a acreditar num rumo para uma vida melhor.
Mas aproveitando este dia, sempre carregado de simbolismos, o VIVA80's regressa muitos anos atrás e recupera as Eleições Legislativas da década.
Devido à instabilidade politica, não foram poucas as vezes que o povo foi chamado às urnas.
Depois do 25 de Abril e da restauração da democracia, o povo foi chamado a votos. Precisamente um ano revolução, tiveram lugar as primeiras eleições livres e de sufrágio universal, de onde saiu vencedor o PS (Partido Socialista).
Novamente um ano após, em 25 de Abril de 1976, houve novas eleições, de onde, uma vez mais, o PS saiu vencedor.
Passados três anos, em 1979, o povo foi de novo às urnas, tendo elegido a AD (Aliança Democrática), formada pelo PPD (hoje PSD), CDS e PPM, para formar governo, liderado pelo Primeiro Ministro, Sá Carneiro.
E assim entravamos na década de 80.
Mas devido à instabilidade que se vivia, nem um ano tinha passado, desde as anteriores eleições, e já o povo português estava de novo a votos. Estas realizaram-se a 5 de Outubro de 1980 e, uma vez mais, ganhas pela AD, tendo ficado a FRS e a APU nos lugares seguintes.
Pelo que já podem ver, os nomes das forças partidárias, concorrentes a essas primeiras eleições dos 80s, eram bem diferentes das que hoje conhecemos. Na realidade, eram 3 alianças partidárias, no sentido de de poder obter uma maioria governativa, que pudesse governar o pais e dar alguma estabilidade necessária.
A AD, liderada por Francisco Sá Carneiro e que conduzia os destinos do país, era formada pelo PPD, CDS e PPM, por sua vez a FRS, tinha como força principal o PS, numa união com a UEDS (União de Esquerda Socialista Democrática) e ASDI (Acção Social Democrata Independente), por fim a APU, que é o que hoje conhecemos com o CDU, ou seja, o PCP, o MDP-CDE e os ecologistas do Partido "Os Verdes".
Em 1983, novas eleições legislativas, levadas a cabo na simbólica data de 25 de Abril desse ano, nas quais o PS, com a liderança de Mário Soares, sai vencedor, tomando assim a governação do país. Nesta acto eleitoral, só a coligação APU, com o líder do PCP, Alvaro Cunhal à frente, se manteve activa, todos os outros partidos concorreram em nome próprio.
Uma vez mais, como a nossa democracia era ainda muito verde, esse governo eleito em 1983, durou apenas até 1985, data em que decorreram novas eleições, das quais saiu vencedor Aníbal Cavaco Silva. Este acabaria por ser o último Primeiro Ministro da década, sem antes ter de se submeter a mais uma votação, já que a sua governação, também conhecida como "cavaquísmo", devido à sua forma rígida e muito autoritária, em paralelismo com o "salazarísmo", se arrastou até 1995.
Nessas eleições, de 6 de Outubro de 1985, sobressaiu o PRD (Partido Renovador Democrático), que na sua primeira apresentação a escrutínio, conseguiu tornar-se na 3ª força politica do pais, quase com os mesmo votos que o PS, então já sem Mário Soares e com Almeida Santos à cabeça.
Como dizia antes, o governo do Prof. Cavaco Silva acabou por cair, e 2 anos depois, o país estava perante novas eleições.
Aconteceram a 19 de Julho de 1987 e o PSD (antigo PPD), com Cavaco Silva à frente do partido, voltava a ganhar. Mas desta vez, fê-lo com maioria absoluta, o que acontecia pela primeira vez na história da nova democracia.
É desta forma que Cavaco conduz os destinos do país até 1995, naquilo que para uns, é o tempo dourado da nação, mas que para outros, foram os tempos do "quero, posso e mando", tão característicos do Prof. Cavaco.
Foi a partir desta data que se tornou habitual, as eleições de 4 em quatro anos, como o que se verifica hoje em dia.
Para marcar este dia eleitoral, não podia deixar de escolher uma musica a preceito. A escolha é obvia:
- Arcadia - "Election Day", fica para conhecer ou recordar, no post mais a baixo.

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